Li num desses dias uma pesquisa que dizia que "que quando as pessoas não religiosas pensam na própria morte, elas ficam conscienteme...

Não há ateus nas trincheiras!

Li num desses dias uma pesquisa que dizia que "que quando as pessoas não religiosas pensam na própria morte, elas ficam conscientemente mais cépticas quanto às crenças, mas inconscientemente, ficam mais receptivas". Esta novidade trouxe de volta aquele velho paro: Na hora do aperto ninguém é ateu, e é o que quero em poucas palavras comentar.

Percebo que o medo da morte deixa para a maior parte das pessoas pouco a fazer senão recorrer àquilo que melhor representa salvação - no meu caso seria o superman, mas para maior parte das pessoas é Deus. Em outras palavras, se eu estivesse num carro prestes a cair num precipício, claramente teria sérias dificuldades em ir pela razão, seria fácil nesse momento eu recorrer a Deus ou qualquer outra divindade ou super-herói, coisas que quando faço uso pleno da minha razão sei que não existem.

Indo directo ao ponto, o argumento é: só somos ateus até ao momento em que vamos precisar de Deus. Ao mesmo tempo percebemos que é na inconsciência onde as crenças em Deus melhor fluem. Portanto, enquanto fizermos uso pleno da razão somos cépticos, ateus, agnósticos, etc. O problema é que ninguém é responsável pelas coisas que faz inconscientemente.

É preciso abdicar das faculdades mentais (inconsciência) para o divino fazer sentido, é a conclusão que devemos tirar desta pesquisa, que nada mais é que um tiro que saiu pela culatra. O que deveria ser um argumento a favor do teísmo foi exactamente o oposto.

Não há ateus nas trincheiras!

Disse bem James Morrow "Não há ateus nas trincheiras não é um argumento contra o ateísmo, é um argumento contra trincheiras."

Ateus nas tricheiras.

Estudamos como nerds para conseguir um bom emprego e garantir uma vida estável ao lado de toda a família feliz na mesa redonda, todos ...

O diagnóstico é sempre malária


Estudamos como nerds para conseguir um bom emprego e garantir uma vida estável ao lado de toda a família feliz na mesa redonda, todos saudáveis. 

Num dia qualquer apanhei uma febre fdp, e consciente da fila que iria enfrentar, preferi juntar as minhas economias e ir a uma clínica privada, que a muito não pisava. Eu sabia que tinha febre e mais nada, no entanto, a velha receita de casa (paracetamol e companhia), não estava a fazer efeito tão rápido quanto eu queria. 

Como era de se esperar, o local não estava cheio e fui atendido logo que cheguei. Paguei pela consulta o que pagaria no hospital público se eu ficasse doente 365 dias por ano. Mas não importou porque pagaria quase a mesma coisa para poder ficar na frente da fila do Hospital Central, o principal hospital público do país.

Eu tinha febre e constipação e ainda fui obrigado a aceitar que sentia dores de cabeça e fadiga (sabem como é). Paguei por uma data de análises desnecessárias e já sabia que o resultado seria o mesmo que tive quando fui pra lá no ano anterior com os mesmos sintomas - Malária.

Eu estava certo, a médica disse que eu tinha malária de uma cruz (naquele momento eu quis soltar uma gargalhada, mas calei), e que deveria tomar aquela pinha de comprimidos que já conheço, era só ir à farmácia ali ao lado da recepção para comprar os comprimidos.

Obviamente já havia sido depenado o suficiente que não queria mais saber de entregar dinheiro àquela gente. Pequei a receita, e fui à outra farmácia que conheço e eu disse ao cara lá, mostrando o papel da receita de longe: "advinha o que eu quero!". E ele respondeu: "Ali o diagnóstico é sempre malária". Comprei tudo o que tinha que comprar e pronto... Estou a tomar. Faço isso todos os anos e é sempre a mesma coisa...

Tenho verificado que têm surgido muitos novos canais de televisão em Moçambique. Era suposto que essa fosse uma boa notícia porque perm...

Mais Televisões, Mais Entulho


Mais Televisões, Mais Entulho

Tenho verificado que têm surgido muitos novos canais de televisão em Moçambique. Era suposto que essa fosse uma boa notícia porque permitiria que as pessoas tivessem maiores e melhores possibilidades de escolha, mas não é isso que está acontecer. Sempre que sintonizo um desses canais novos é como se ocorresse um dejavu - dá a impressão de que eu estou vendo a mesma coisa pela décima quinta vez. Não há nenhum programa ou noticiário inovador, são cópias descaradas de outras emissoras e programas que só interessam aos proprietários.

Porque abrir um canal sem ter projectos sérios para dar visibilidade ao mesmo? A maior parte destes canais  só servem de mural para publicidade barata e de cineclube de filmes e séries baixadas da Internet, sem direitos de exibição, promovendo a pirataria. Parece que colocaram um nerd desocupado para cuidar da programação.

Repetem os mesmos programas o tempo todo, os poucos programas são de um amadorismo tremendo.

Já não estamos no tempo da televisão experimental, já basta o lixo que os antigos canais nos acostumaram a ver.

Quem venham as pedras!

Olá, antes de começar eu gostaria de avisa-lo que este texto não fala sobre sexo ou sexualidade é apenas uma dica de inglês, portanto fi...

A Diferença Entre Sexy e Sex


Olá, antes de começar eu gostaria de avisa-lo que este texto não fala sobre sexo ou sexualidade é apenas uma dica de inglês, portanto fique à vontade para ler com seu filho.

A Diferença Entre Sexy e Sex

É sim verdade que a língua inglesa não é nossa, e seria um pouco problemático obrigar pessoas que mal sabem falar a sua própria língua, a falarem bem a língua dos outros. Mas não vamos exagerar, as palavras têm significados definidos e devem ser usadas adequadamente.

Sexy significa sensual e sex significa sexo em inglês. Então dizer "estás sex" como  muitos dizem está errado. Mais do que errado, não tem sentido nenhum, em nenhum idioma.

Ninguém pode "ser sex" na mesma proporção que ninguém pode ser uma banana ou um lápis.

A palavra sex é um nome, a palavra sexy é um adjectivo. Nomes identificam coisas, adjectivos expressam as qualidades das coisas. Então o certo é "estás sexy".

Este é mais um daqueles casos em que as pessoas gostam de fazer trabalho de Marracuene. Não é mais fácil simplificar as coisas e simplesmente dizer: estás sensual?

A língua portuguesa ainda precisa ser explorada, vamos parar de perder tempo tentando falar coisas que não sabemos e vá dominar o nosso próprio idioma.

O homem guiava a máquina no trabalho suava e gritava nos andaimes e a formiga construía sem betoneira, silenciosamente, fraternalm...

Homem e Formiga

Homem e Formiga

O homem
guiava a máquina no trabalho
suava e gritava nos andaimes
e a formiga
construía sem betoneira,
silenciosamente,
fraternalmente,
sem complexos nem diplomas.

E enquanto o homem
invitaminado erguia
casas grandes de cimento e ferro,
no chão crescia a obra colectiva
do insecto consciencializado.

E de betão armado,
elevador e ar condicionado,
para os brancos e negros,
indianos,
mulatos e chineses dos andaimes
com retratos obrigatórios
nas chapas das radiografias.
as casas grandes rasando as nuvens
não chegaram

Mas o chão
o formigueiro bastou
a todas as formigas


JOSÉ CRAVEIRINHA
Karingana Ua Karingana

Odeio negros, judeus e homossexuais. Odeio tudo que é aberração. Odeio os fracos e oprimidos. Odeio os pobres. Tenho aversão a todos...

Odeio negros, Odeio Odeio Odeio Odeio...



Odeio negros, judeus e homossexuais. Odeio tudo que é aberração. Odeio os fracos e oprimidos. Odeio os pobres. Tenho aversão a todos eles. Cuspo e cago sobre essa gentalha. Sinto o meu sangue ferver de ódio e violência quando encontro com algum deles. Sinto as pupilas dilatadas, os pêlos eriçados, os punhos fechados, os músculos contraídos e todo o meu corpo preparado para espancá-los até a morte.

Sou totalitarista, egocêntrico e maquiavélico. São essas qualidades que fazem de mim um vencedor. Não meço esforços para conseguir o que quero. Conspurco, engano, traio, difamo. Sou o estereótipo perfeito do Diabo encarnado na Terra. Sou bonito, gentil, rico e aparentemente confiável. No entanto, quando menos se espera, já comprei a sua alma, tal qual uma mercadoria, e a vendi para um perverso traficante.

Sou Júlio César, Napoleão e Hitler. Todos eles juntos disfarçados na pele de Cleópatra. Sou o Sadismo fantasiado de Beleza. Participei dos momentos mais importantes da história. Da Guerra de Tróia, das Cruzadas, da Revolução Francesa e das duas Guerras Mundiais. Estou por trás de tudo que é sinistro e de tudo que inspira medo. Fui eu quem inventou o Índex da Igreja, a guilhotina, a crucificação, a morte na fogueira e o tráfico negreiro.

Afinal, ó leitor burro, quem sou eu? Ora, sou você mesmo nos seus momentos de maldade. Quando vira a cara e passa longe de um mendigo. Quando ri com prazer dos deficientes. Quando conta piadas de preto e de bicha. Quando escolhe os amigos ricos e despreza os pobres. Quando abre mão das pessoas que lhe são mais importantes e dos seus sonhos mais íntimos para não parecer antipopular. Sou você nos seus momentos de fraqueza. Sempre estive ao seu lado e acompanho a humanidade desde os tempos das cavernas. Sou macabro e ávido por injustiça.

A Ana era aluna do ensino Secundário e pretendia futuramente formar-se na faculdade como professora de português. Ela é boa aluna mas te...

A História da Ana

Formada na Faculdade

A Ana era aluna do ensino Secundário e pretendia futuramente formar-se na faculdade como professora de português. Ela é boa aluna mas tem dificuldades com as disciplinas de inglês e francês, por isso ela costumava me pedir algumas explicações de inglês.

E eu notei que mesmo com esforço ela simplesmente não conseguia entender nada, e se continuasse assim certamente iria chumbar a inglês. Alguma coisa estava a faltar das classes anteriores, parecia que ela estivesse tendo inglês pela primeira vez, era como ensinar o abecedário a uma criança de 2 anos, e eu sempre me perguntava como é que ela havia conseguido chegar até a 12 sem saber nada de inglês.

Os exames estavam próximos e ela tinha boas médias em todas disciplinas, excepto a inglês e francês, mesmo com o esforço que ela fazia para aprender. O professor de francês - sr. Tomé, que era um professor honesto e muito simpático, decidiu ajudar a miúda e deu-lhe um 11 - que era mais do que suficiente para ela ir ao exame. Tudo que ele exigiu em troca foi que ela tivesse boa nota no exame.

- Vou te deixar ir ao exame, basta prometeres que vais passar. Foi o que ele disse.

Ela agradeceu imenso, e aliviada, só tinha que tentar pedir uma ajudinha ao professor Flávio que a ajudara no ano anterior na disciplina de inglês.

Ela conseguiu a nota para o exame depois de ter aceite fazer sexo com o professor, algo muito comum nas escolas secundárias. Quando ela me contou isso eu fiquei com nojo e fui embora, mas depois de pensar um pouco eu me redimi e ouvi o resto da história.

A Ana teve boas notas nos exames em especial a inglês, embora ela me tenha dito que fizera mal o exame - o que me leva a pensar que ela esteve mais uma vez com o stor Flávio, que por acaso desprezo imenso.

Ana não consegui entrar na Faculdade pública no primeiro ano, por isso ela ficou em casa, e nesse tempo ela teve um filho e passou a viver maritalmente com o Zé.

No ano seguinte ela concorreu a uma vaga na Universidade Pedagógica e conseguiu entrar. Lá ela conheceu o Google, a Wikipédia e outras ferramentas excelentes de pesquisa, ao mesmo tempo que esquecia o caminho para biblioteca.

Hoje ela é professora de inglês das 10 e 11 classes. Sempre que conversamos ela reclama que os alunos não entendem nada. E como são todos burros, vão todos passar para a 12.

Eu preferi escrever esta pequena história, que é um retrato ameno daquilo que é o nosso sistema de ensino público para mostrar que infelizmente se este círculo vicioso continuar como está, não haverá cura para nossa educação.